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sábado, 16 de outubro de 2010

A cor da cultura - Elias Abrahão - Quatro Barras

Projeto a Cor da Cultura - Conheça um pouco de nossa herança Africana.

 


Mapa do Continente Africano


Porque a girafa não tem voz

         Há muito e muito tempo, as girafas falavam.

         Uma vez nasceu uma girafinha muuuito chorona. Ela chorava pra lá, chorava pra cá, chorava por todo canto. Depois de um tempo essa girafa cresceu. Mas, ela não chorava. Ela reclamava. Reclamava pra lá, reclamava pra cá, reclama por todo canto. Mas, ela reclamava gritando (muuuuito alto). Ningüem gostava dela por causa dos seus berros.
         Uma vez a mãe dela chegou pra ela e disse:
         - Filha, por que você reclama tanto?
         - Porque a vida é terrível.
         - Mas por que você reclama gritando?
         - Porque eu sou assim, não entende?
         - Entendo. Mas pense nisso.
         - Tá bom.
         Uma vez os outros animais planejaram uma luta de capoeira contra ela. Eles a avisaram, mas disseram que era contra o cavalo que não tinha nada a ver. Isso era um plano pra tirar a voz da girava. Eles iam fazer uma armada (giro  depois chuta) bem rápido pra que ela não esquive (se defenda). Então ia bater na garganta dela e seria tão forte que ela ia dar o maior berro e a voz dela ia acabar. No dia da luta eles estavam ruins(por querer) e a girafa também (sem querer). Depois eles melhoraram (e a girafa também). Então eles deram a armada e ela não esquivou. Ela deu o maior berro que a voz dela acabou assim como planejavam
E a partir desse dia, todas as girafas passaram a nascer sem voz.


Por que o camaleão muda de cor

        Há muitas e muitas luas, a lebre e o camaleão eram amigos inseparáveis.
        Naquele tempo, o interior da África era percorrido a pé por longas caravanas. Todos carregavam pacotes e cestos à cabeça, repletos de cera e borracha, que trocavam por panos nas vendas dos comerciantes brancos nas vilas situadas junto ao mar.
        A lebre e o camaleão, tão logo ouviam o cântico e o alarido dos carregadores, se arrumavam rapidamente para seguir atrás dos homens.
        Os dois gostavam de fazer negócios também e, com suas pequenas trouxas, marchavam na retaguarda das alegres comitivas. Os carregadores traziam guizos e campainhas presos aos tornozelos, fazendo uma barulheira infernal, que servia para afugentar as feras selvagens do caminho.
        A lebre, sempre apressada, fazia tudo correndo. Assim que chegava à loja do homem branco, trocava rapidinho sua cera por tecidos multicolores e dizia para o camaleão:
        – Já estou indo - e sumia pela mata afora.
        O camaleão, muito calmo, respondia:
        – Não tenho pressa- e regressava lentamente para a imensa floresta por causa das suas correrias insensatas.
        É por essa razão que a apressadinha anda até hoje vestida com um pano cinzento, sujo e desbotado.
        O lento e responsável camaleão juntou muitos tecidos das mais variadas tonalidades, e é por isso que ele pode trocar de cor a toda hora.